4 de mai. de 2011

Afegãos comemoram morte de Bin Laden

A morte do saudita Osama Bin Laden, acusado de orquestrar o maior ataque terrorista em solo americano contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 11 se setembro de 2001, é uma grande notícia para os americanos, especialmente aqueles que perderam familiares no atentado. Mas é uma notícia ainda melhor para os afegãos. Foi Bin Laden quem trouxe a guerra para o Afeganistão. Cada afegão passou a ser visto pelo mundo como um potencial e perigoso terrorista. Milhares de civis afegãos inocentes foram e continuam sendo mortos em uma guerra que começou, e segue há dez anos, justificada por um engano.


Bin Laden esteve sob a proteção do Taleban, os radicais então no poder, entre 1996 to 2001. Mas a última notícia de Bin Laden em solo afegão, depois dos atentados em Nova York, foi em dezembro de 2001, quando os Estados Unidos lançaram uma ofensiva nas montanhas de Tora Bora, já na fronteira com o Paquistão, uma uma zona tribal. Apesar dos bombardeios, Bin Laden escapou. Por quase uma década a guerra seguiu em solo afegão, apesar da suspeita de que o terrorista, assim como os líderes Taleban expulsos do poder no Afeganistão durante a ofensiva americana pós 11/9, já estivesse em solo paquistanês. O Paquistão continuou sendo controversamente apontado como um aliado dos Estados Unidos na guerra contra o terrorismo e recebendo financiamento por isso.


Mas os afegãos sempre culparam o Paquistão por suas mazelas.


Foi o serviço de inteligência paquistanês que criou os mujaheddin (soldados de Deus), com milhões de dólares dos Estados Unidos em armas e munição, para lutar contra a invasão soviética, no final dos anos 1970. O saudita bilionário Osama Bin Laden era, então, um aliado dos americanos. Ele ajudou a financiar e a organizar a resistência afegã.


Quando os EUA cortaram a assistência aos mujaheddin no Afeganistão, após a vitória sobre os soviéticos, o país mergulhou em uma guerra civil pelo poder, com os grupos divididos por etnia. O vácuo deu espaço para a ascensão dos Taleban, jovens tirados de suas famílias ainda crianças e criados nas madrasas do Paquistão, onde receberam treinamento militar e educação religiosa.


Com a ascensão dos muçulmanos ao poder, Osama bin Laden viu ali uma oportunidade de retomar poder político para as mãos de muçulmanos. Ele abraçou a causa do Islã, segundo sua própria visão, e deu início a uma jihad (resistência) global contra os “infieis” não-muçulmanos – leia-se os Estados Unidos. Ele criou a AlQaeda, atuando não apenas em campos de treinamento militar, mas dentro das mesquitas e nas comunidades muçulmanas, onde reunia líderes em conselhos que passaram a ter grande influência sobre as pessoas.


Antes de 11 de setembro, Bin Laden foi acusado de promover atentados contra americanos no exterior e pelo primeiro atentado à bomba contra o World Trade Center, em 1993, entre outros. Em 1998, o então presidente americano Bill Clinton declarou o saudita o “inimigo público número 1” dos americanos. Desde então, uma represália por parte da AlQaeda era esperada, mas ninguém imaginava que seria em solo americano e nas proporções dos ataques em Nova York. Quando o 11 de setembro aconteceu, não demorou para que os EUA apontassem Bin Laden como responsável. E ele estaria escondido no Afeganistão. O restante da história já se sabe.



Fonte:


Adriana Carranca, jornalista.

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