12 de abr. de 2011

A tragédia de Realengo

O que se passa na mente de um desequilibrado como Wellington Menezes de Oliveira? Como defini-lo?  Psicopata? Sociopata? Esquizofrênico? Não. Assassino.

Ganhou seus 15 minutos de fama assassinando  cruelmente crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira  onde estudou, em Realengo, no Rio de Janeiro. O bairro era conhecido nacionalmente devido à música de Gilberto Gil: "Alô, alô Realengo. Aquele abraço". E além da música, agora ficará na memória da população brasileira pela eternidade.

Não adianta perguntar o porquê. É impossível entrar na mente do assassino para saber sua motivação, mas houve premeditação e um planejamento minuncioso. Wellington foi minuncioso na expressão das últimas vontades, nos pedidos e recomendações que fez. A carta deixada por ele é clara: explica seus valores de referência, relativos à pureza do corpo e à sua purificação ritual para o sepultamento. O corpo continua no IML à espera de liberação por um parente. Há o aspecto hediondo da morte das crianças no estilo de execução: tiros certeiros na cabeça e no abdomên, principalmente nas meninas.

A tragédia dificilmente poderia ser evitada, uma vez que os tiroteios em escolas, haja vista os casos nos Estado Unidos, envolve pessoas que faziam parte da instituição. É um ataque de uma pessoa conhecida e não um invasor, e assim, muito mais difícil de se proteger. Enfim, é uma agressão que vem de dentro, por isso perigosa e imprevisível.

Segundo especialistas em tiroteios em massa, a maioria dos atiradores de escolas se vê como um fracassado socialmente, rejeitado e não aceito por um grupo. São potenciais suicidas, mas não querem somente se matar e ficar com o estigma de fracos, eles têm essa necessidade de chamar mais atenção e usam a violência para isso. Eles querem ser respeitados. São vistos como assustadores, dramáticos no ato da violência para espantar a pecha de perdedor, que é como ele foi visto a vida toda.

É impossível garantir que algo assim não acontecerá nunca mais. Para um assassino cumprir sua missão com maior número de vítimas, ele tem que ter acesso a um tipo de arma automática ou rapidamente recarregável, como aconteceu em Realengo. Também nota-se, por meio de outros casos de execução em massa, que quando o assassino decide causar tantas mortes, ele está determinado, como se fosse uma missão. Não sei se uma pessoa nesse estado é detida por obstáculos como leis de restrição ao porte de armas, mas dificultaria muito a compra delas.

Temos que tentar melhorar a experiência escolar dos adolescentes, diminuindo o bullying, a rejeição. Também se constuma culpar filmes e games violentos, porém a real influência desses vídeos na cabeça dos jovens é a forma como ali a violência representa a masculinidade, a glória do anti-herói e os países ocidentais glorificam e respeitam o homem violento, infelizmente. É a nossa cultura.

Ademais, as razões do que se passou em Realengo permanecerão incógnitas, mesmo tentando achar os culpados. O que nos resta é daqui para frente dar mais atenção às pessoas que têm alucinações ou fantasias destrutivas ou comportamentos preocupantes (ficar obssessivamente mergulhado na internet). Não há só um fator para a construção de um assassino, o comportamento que leva ao crime é evolucionário.



Luciana 






Nenhum comentário:

Postar um comentário